Sempre há dez obreiros detrás
11 de julio de 2013.
Ellise Dacosta marchou de Avanha para Manchester para sobreviver, e dali fai-nos chegar um relato de sobrevivência, que dedica a todos os que esperam.
Ellise Dacosta no Novas da Galiza
A primeira vez que Antom apanhou umha gripe, depois de doze anos de serviço impecável na Aluminios do Tambre, e chamou o seu chefe para lhe dizer que nom podia ir trabalhar, o único que escuitou foi “nom perdas cuidado, que se amanhá tampouco vés, há outros dez obreiros detrás aguardando para ocupar o teu lugar”.
Quando tivo o acidente laboral, os companheiros mais velhos recomendárom-lhe que nom desse parte à mutua. “Umha contratura logo passa, e se lhe custas quartos ao patrom, há outros dez obreiros detrás augardando para ocupar o teu lugar”.
Aquando da greve geral, nem se lhe passou pola cabeça, sabia que havia outros dez, se calhar vinte obreiros no desemprego, desesperados e famentos, aguardando para ocupar o seu lugar.
Um dia o chefe dixo-lhe que tinha que ficar mais umha hora depois de fechar; para atender umha encomenda urgente.
Ao mês seguinte á ficava depois de fechar dia sim, dia também, porque, se ele nom queria fazê-lo, havia outros dez obreiros aguardando em fila à porta da oficina, dispostos a trabalhar as horas que for polo soldo que for.
Começou a ir também os domingos de manhá, desta vez o patrom nom lhe tivo de dizer nada, porque ele já sabia que havia outros dez obreiros detrás, aguardando.
Um dia de inverno, mentres comia o sanduiche sentado na oficina, reparou em que nunca vira aqula barafada de obreiros esfameados que aguardavam na mesma porta para ocupar o seu posto por umna esmola, por conseguinte decidiu sair na sua procura.
O primeiro obreiro era um experimentado atirador, acertou na fronte do patrom sem esforço.
O segundo limpou as pegadas do primeiro.
A terceira despiu o cadáver, queimou a roupa e deitoru a documentaçom ao rio.
A quarta desfixo-lhe as pontas dos dedos com soda cáustica, para que nom o reconhecessem polas impressoes digitais.
O quinto levou a motosserra e os plásticos.
A sexta despedaçou-o.
A sétima e a oitava enterrárom as partes em cal.
A novena fixo desaparecer o carro.
O décimo amanhou a documentaçom na Internet e procurou coartadas para todos.
Agora, Aluminios do Tambre é umha cooperativa.